quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Meu mundo e nada mais

É... hoje faz calor nesta madrugada de quinta-feira, em aires portenhos.


Mas sinceramente, leitor, sinto o frio do trato humano que recebo da gente aqui. É estranho. Dá vontade de calar minha boca para que saia nenhum palavra mal pronunciada, e até mesmo não relacionar-me com ninguém nativo.


A chuva de segunda-feira refrescou a terra do parque Rivadávia e tirou os miasmas dos ares, mas não o orgulho característico do povo daqui.

Recém cheguei do curso de teatro e percebi que as palavras tem poder e se as transmito mal, é recíproca a reação. Embora haja sorrisos, estes são uma espécie de deboche como se quisessem intimidar ou dizer a frase "Cala a boquinha, vai..." ou "Não estou afim de ajudar alguém e/ou ensinar nada hoje...".


Bom, viver aqui é uma experiência incrível que muitas vezes não sei como lidar com tanta informação ambígua e desencontrada, sem pé nem cabeça.


Veja só, leitor : ao mesmo que a mulher portenha se faz de difícil, se torna uma tonta arrastando-se a um cafajeste de barba mal feita e dentes amarelos de tanto tomar mate ou como se diz por aqui "fastidiosa", que não gosta de homem "romântico" ou "grudento". Sabe, é estúpido generalizar, mas creio que a estupidez é algo muito habitual por aqui. Não é difícil encontrar uma mãe solteira, principalmente com menos de 18 anos; creio que isto já dá para ter uma noção. Parece que já me acostumei com tudo isto, mas não consigo aceitar estas coisas para minha vida.

Os sermões de domingo à noite, na Igreja San Carlos, a 10 quadras de onde fica meu apartamento, me ajudam à refletir e pôr os pés nos chãos em meio à tanta ilusão e falsas promessas. Já o som do órgão é magnífico, eleva a alma, arrepia no bom sentido, chego até me emocionar algumas vezes com algumas músicas, principalmente no fim da missa que se toca algumas peças curtinhas de Bach. Deve ser também por isso que me sinto bem nesse lugar, principalmente quando saio de lá.


É verdade, estou muito mal acostumado. Quem nunca se enamorou com o carinho e o olhar da brasileira ? O beijo é saboroso e o jeito de caminhar, assim quase rebolando, é como se fosse algo prazeiroso, divertido e para muitas, a calçada é quase como uma passarela.


Resta, portanto, as experiências e tudo que aprendo a fazer bem e não fazer, e também minha convicção de manter intacto meu jeitinho brasileiro.


É... parece que tenho muitas histórias pra contar!

Nenhum comentário: